domingo, 8 de novembro de 2009

Crônica - Pedreiros do século XXI


PEDREIROS DO SÉCULO XXI

Desde que o mundo existe, o homem vem lutando para construir sua história e garantir o sucesso desejado pautado em valores morais, éticos, religiosos e ideológicos. Os séculos XVIII e XIX foram marcados pela revolução industrial, onde seu epicentro foi na Inglaterra e depois se espalhou pela Europa, França, Alemanha, Estados Unidos, e restantes do mundo.
Não vou me aprofundar neste tema, muito embora seja bastante pertinente e importante. Eu quero me atentar em comentar apenas os reflexos que essa revolução trouxe e que permanecem até hoje provocando mudanças significativas em vários setores da sociedade.
A construção civil e tecelagem foram os setores que mais cresceram e geraram empregos diretos e indiretos nas décadas de 1970 ,1980. Já na década de1990, foi o setor de prestação de serviços por causa das novas tecnologias..
O século XXI ao qual estamos inseridos atinge, portanto o ápice da sua existência com toda essa revolução tecnológica avançada.
Obviamente que as ferramentas de trabalho mais usadas nas décadas passadas tais como: - capacetes, botas colher de pedreiro, prumo, nível e etc.-tiveram de ser substituídas por novas ferramentas como também os profissionais .Agora, somos nós, pedreiros do século XXI, que temos que manter o nível para permanecer no prumo.
No prumo das ideologias criadas e impostas pela indústria do CALL CENTER, que nos induz a uma alienação severa, nos colocando num enorme palco de REALITY SHOW, cujos protagonistas somos nós, operadores big brothes.

Sobrevive, o personagem que conseguir convencer a platéia que te monitora o tempo todo e te avalia por aquilo que você não fez e te condena ao paredão da hipocrisia, egoísmo e alienação, utilizando-se de sofismas que possam justificar o seu veredicto. Como pedreiros, construímos impérios, edificamos cidades e consolidamos relacionamentos ao qual nem somos mais lembrados. É como diz a canção de Zé Geraldo- “Cidadão.” O mesmo operário que construiu o prédio, a escola e tudo mais, não pode nem contemplar a sua obra, sendo excluído e discriminado por essa sociedade medíocre e egoísta. Nós, pedreiros do século XXI, não temos nada em que se orgulhar, todavia a nossa construção se baseia em analisar o terreno (Prospect). Em seguida, nivelar o mesmo. (Tentar convencê-lo que é o terreno ideal- produto oferecido)
Depois. Cavar os buracos para construir o alicerce (Sondar, sondar, argumentar, persuadir, etc.) Se o terreno for muito irregular... (Prospect arrogante, frio, fechado, mentiroso, mal educado, boca suja...) O trabalho se torna extremamente exaustivo. No entanto, na hora de assentar os tijolos, bater a laje e dar o acabamento final (Venda). O indivíduo inventa qualquer desculpa, te deixando no meio de uma construção considerada, mal feita e inacabada, pelos mestres de obra (Supervisão e assistentes). Infelizmente seu trabalho e esforço para concluir sua construção... Não valeram de nada!- Simplesmente, é mais uma obra que não foi concluída e torna a paisagem da cidade (Central de atendimento) feia e com baixa lucratividade (índices percentuais).
Assim... Nós, pedreiros deste presente século, vamos tentando construir nossa história com as ferramentas tecnológicas (monitor, CPU, mouse, teclado, headset) com muito bom humor e otimismo, como forasteiros e imigrantes que trazem na bagagem muita fé e um grande sonho... Um sonho de pelo menos ser reconhecido por cada tijolinho assentado debaixo de sol e chuva, edificando, transformando e engordando astronomicamente a receita anual da classe dominante, enquanto somos assediados a dar o melhor que temos.... Nossos talentos, aptidões, e, sobretudo, nossa própria vida!

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